O que é a Síndrome do Olho Seco?
O olho seco pode causar dificuldade para enxergar (visão flutuante ou embaçada) e cansaço nos olhos após algum tempo na frente da TV, smartphone ou do computador, por exemplo. O olho seco é uma condição causada por alterações na quantidade ou na qualidade das lágrimas. É uma condição crônica que afeta milhões de pessoas no Brasil.
Qual a função das lágrimas?
A lágrima, ou filme lacrimal, é um líquido produzido pelo olho e didaticamente explica-se que é composta por três camadas principais que trabalham juntas para manter os olhos confortáveis e protegidos. Quando alguma destas camadas do filme lacrimal se desequilibram, as lágrimas vão evaporar muito rapidamente, fazendo com que os olhos fiquem secos e irritados. Outra causa do olho seco é a baixa produção de lágrimas. Na maioria dos casos, o olho seco causa apenas desconforto sem outros efeitos colaterais, no entanto, em casos moderados e graves, pode aumentar o risco de infecção que pode levar a danos na córnea.
De acordo com o especialista, Dr. Gustavo Bonfadini, a Síndrome de disfunção lacrimal ou Síndrome do olho seco, popularmente conhecida como simplesmente “olho seco”, é um termo usado para descrever um grupo de diferentes doenças e condições que resultam da lubrificação inadequadas dos olhos com diminuição da produção da lágrima ou deficiência em alguns de seus componentes, ou seja, pouca quantidade e/ou má qualidade da lágrima.
Dr. Gustavo relata que durante o exame com o médico oftalmologista, este avalia as pálpebras, a superfície do olho e como você pisca. Existem muitos testes diferentes que ajudam a diagnosticar olhos secos. Seu oftalmologista pode fazer um teste que mede a quantidade e qualidade de suas lágrimas. Ele também pode medir a rapidez com que você produz lágrimas.
A Síndrome do Olho Seco é uma doença que aparece de forma silenciosa (lenta) e pode causar sintomas quase imperceptíveis até quadros muitos graves e sintomáticos com comprometimento da saúde dos olhos e piora significativa da visão.
A lágrima é produzida pelas glândulas lacrimais e composta por água, sais minerais, proteínas e gordura, com a função de lubrificar, limpar e proteger o olho das agressões causadas por substâncias estranhas ou micro-organismos.
Várias são as condições que causam o olho seco, seja pela diminuição da produção de lágrimas, baixa qualidade da lágrima, evaporação excessiva da lágrima ou problemas com o piscar dos olhos.
Muitas causas podem contribuir com o desenvolvimento de Olho Seco
1) Ambiente: A pouca umidade do ar pode piorar ou causar o ressecamento dos seus olhos. Portanto exposição excessiva ao sol, clima seco, vento excessivo diretamente nos olhos, poluição, lugares fechados, ar condicionado são fatores importantes que devemos lembrar.
2) Uso de Telas Digitais: O hábito de olhar muitas horas do dia para monitores faz com que não pisquemos tão frequentemente como deveríamos; quando isto acontece, não recebemos a umidade que os nossos olhos precisam. Por isso com uso intenso de celular, computador, televisão ou videogame, a tendência é piscar menos fazendo com que o filme lacrimal não seja distribuído com regularidade sobre a superfície dos olhos, aumentando a evaporação da lágrima, comprometendo a lubrificação dos olhos e causando um Olho Seco.
3) Medicações: Segundo Dr. Gustavo Bonfadini, é importante que o paciente informe ao médico oftalmologista todos os medicamentos que utiliza, sejam eles administrados por via oral como ou colírios. Pois estes remédios podem reduzir a produção das lágrimas dos olhos como por exemplo: uso de colírios para Glaucoma, descongestionantes nasais, anti-alérgicos, tranquilizantes e antidepressivos, diuréticos, alguns anestésicos, medicamentos para o tratamento da hipertensão arterial (betabloquadores) e para transtornos digestivos (anticolinérgicos).
4) Má Adaptação de Lentes de Contato: o uso prolongado ou incorreto de lente de contato pode agravar ou provocar o Olho Seco. Por isso é importante fazer adaptação de lente de contato com especialistas.
5) Deficiência Nutricional: desnutrição ou deficiência de algumas vitaminas C e B12 ou aminoácidos essenciais pode contribuir para o aparecimento ou piora da da Síndrome do Olho Seco.
6) Mudanças Hormonais: Esta são importante causas de Olho Seco. Após a menopausa há uma redução nos níveis de hormônios estrógenos, o que favorece o aparecimento do Olho Seco. Problemas na tireóide e Diabetes também são causas importantes de ressecamento dos olhos.
7) Doenças Auto-Imunes: A presença de Síndrome de Sjögren, Artrite Reumatóide, Lupus, Sarcoidiose, Alergias e as Doenças de Pele estão associadas à Síndrome do Olho Seco.
O que é a Síndrome de Sjögren? A Síndrome de Sjögren é uma doença auto-imune que causa secura dos olhos e boca. Para um diagnóstico correto é necessária a avaliação de um médico Oftalmologista para determinar se realmente há falta de lágrima e sinais de inflamação na córnea em decorrência desta secura, e o paciente deve ser encaminhado a um médico Reumatologista para avaliação do diagnóstico da Síndrome de Sjögren. Para a confirmação do diagnóstico, além de todos os sintomas já mencionados o paciente vai apresentar alterações de exames laboratoriais (exames de sangue), radiológicos e/ou anátomo-patológicos (biópsia das glândulas salivares menores feita no lábio) e/ou de imagem (cintilografia das glândulas parótidas).
8) Blefarite e Meibonite: Causas oculares de inflamação das glândulas microscópicas presentes nas pálpebras podem contribuir para um ressecamento dos olhos e iniciar ou piorar um quadro clinico da Síndrome do Olho Seco.
9) Traumas Oculares: Por exemplo queimaduras químicas ou traumas na qual há lesão das células tronco da córnea (células limbo da córnea) ou lesões das glândulas lacrimais.
Sinais e Sintomas do Olho Seco
O sintoma mais comum de olho seco é a ardência nos olhos. Porém, muitas vezes outros sintomas podem estar presentes:
1) Olhos vermelhos;
2) Visão embaçada (e só melhora depois de piscar algumas vezes)
3) Sensação de coceira nos olhos
4) Aumento da sensibilidade à luz (fotofobia);
5) Sensação de “areia ou de corpo estranho”;
6) Desconforto ao piscar os olhos;
7) Olhos pesados
8) Excesso de lágrimas, pois por mais contraditório que pareça, olhos com excesso de líquido também podem estar secos. A produção exagerada de lágrimas é uma tentativa do corpo de combater o ressecamento ocular. Neste caso temos muitas lágrimas, porém de má qualidade;
Se você está pensando, “é assim que venho me sentindo”, tente lembrar-se do que vem fazendo quando sente estes sintomas. Todos nós já tivemos olhos vermelhos e secos em algum momento. Esteve num local quente ou com ar condicionado? Ou esteve muito tempo olhando para uma tela de televisão, celular ou computador?
Ambientes com pouca umidade podem ressecar os seus olhos. O hábito de olhar intensamente para monitores faz com que não pisquemos tão frequentemente como deveríamos; quando isto acontece, não recebemos a umidade que os nossos olhos precisam.
Como diagnosticar a Síndrome do Olho Seco?
Após a suspeita dos sintomas, o médico oftalmologista fará uma avaliação e a condução de exames adicionais para confirmar a suspeita de olho seco, determinar a gravidade do quadro e suas causas. Através do exame biomicroscópico e uso de corantes de superfície ocular como a Fluoresceína e Lisamina Verde, além de testes que quantificam a produção e qualidade de lágrima.
-Teste de “Break Up Time” (BUT): com um colírio corante especial, o oftalmologista consegue medir a qualidade das lágrimas e o tempo que elas levam para evaporar.
-Teste de Quantidade de Produção de Lágrimas (Teste de Schirmer): com o ajuda de pequenas tiras de papel colocadas sob as pálpebras inferiores esse teste permite medir a produção de lágrimas.
– Teste da Saúde da Córnea: com o uso de colírios corantes especiais, esse teste permite o exame detalhado da córnea. O oftalmologista avalia se há danos causados pelo ressecamento ocular ou outros fatores.
– Exame das Pálpebra: através de um equipamento para ampliação, o oftalmologista avalia as pálpebras e as glândulas que produzem a camada oleosa das lágrimas, pesquisando se há a presença de Blefarite ou Meibonite.
Tratamento do Olho Seco
Na maioria dos casos não há cura para o olho seco, porém existem diversas opções de tratamento que ajudam a aliviar os sintomas e fazer com que o paciente fique mais confortável. Para isso, é fundamental uma avaliação de um médico oftalmologista, pois o tratamento do olho seco depende da causa.
A primeira opção para o tratamento do olho seco são as lágrimas artificiais, similares às lágrimas produzidas pelo organismo, que lubrificam os olhos e ajudam a manter a hidratação. As lágrimas artificiais são o tratamento mais utilizado e eficaz, independentemente da causa do olho seco.
O objetivo é aumentar a umidade da superfície ocular e melhorar a lubrificação. Existem vários tipos de lubrificantes oculares:
1) Gotas – os lubrificantes na forma de gotas são os mais usados, pois são fáceis de aplicar e mais parecidos com a lágrima natural;
2) Gel – apresenta conteúdo de água menor do que as gotas e maior retenção no olho, contudo, pode provocar embaçamento na visão.
3) Pomadas – são preparações semi-sólidas, com menor quantidade de água e um componente gorduroso. Embaçam muito a visão e são usados em casos mais graves.
“Casos avançados da síndrome do olho seco podem causar complicações graves a visão. A maior parte, 80% das vezes, resolvemos com lágrima artificial (colírio lubrificante)”, comenta o oftalmologista Gustavo Bonfadini. Este tratamento é o convencional, seguido da oclusão dos pontos lacrimais que possibilita que a lágrima fique nos olhos por mais tempo e não escoem para o nariz.
Você sabe a diferença de colírio, lágrima artificial e lubrificante ocular?
ATENÇÃO! Nem todo colírio é lubrificante. Colírio na verdade é qualquer medicamento para uso nos olhos em forma de gotas, mas as substâncias contidas nos colírios e suas indicações variam muito entre os produtos. Infelizmente, muitas pessoas usam colírios vasoconstritores ou descongestionantes para deixar o olho mais branco e de forma inadequada, acreditando que eles tenham o potencial para hidratar os olhos. Pois apesar de clarear momentaneamente a visão, os colírios com vasoconstritores não são capazes de hidratar os olhos. Ao contrário, com o uso frequente, eles provocam mais ressecamento ocular e o seu poder de clarear os olhos vai diminuindo.
Os descongestionantes também possuem várias contraindicações e advertências. A atenção deve ser redobrada se você usa colírios descongestionantes e possui alguma das condições abaixo:
– Glaucoma ou aumento da pressão intraocular;
– Uso de lentes de contato;
– Doenças cardíacas;
– Diabetes.
Evite a automedicação, pois alguns colírios podem, por exemplo, aumentar a pressão intraocular e prejudicar a visão do paciente.
As lágrimas artificiais têm a função principal de reposição da lágrima natural, com a capacidade de lubrificar, hidratar e proteger os olhos. Em geral, as lágrimas precisam ser aplicadas várias vezes ao dia, conforme a necessidade do paciente e/ ou orientação do seu médico oftalmologista.
De acordo com o Dr. Gustavo Bonfadini, existem também outras medicações promissoras no tratamento do Olho Seco, atuando como anti-inflamatório da glândula lacrimal. “Sua utilização é crônica e o efeito é sentido em algumas semanas”. Outra alternativa é a terapia com soro autólogo, proveniente do sangue do paciente, que é centrifugado, separado e empregado sob forma de colírio.
Existem outros tratamentos aplicados a casos mais severos de Olho Seco e refratários ao uso de lubrificantes convencionais, como:
4) Uso tópico (colírio) de imunomodulação local para estimular a glândula lacrimal a produzir mais lágrima.
5) Oclusão do ponto lacrimal (plug lacrimal).
6) Soro Autólogo: Este tratamento é Em casos de olho seco grave, pode-se utilizar colírios feitos com o próprio plasma sanguíneo do paciente.
O soro autólogo tem sido adotado como uma nova abordagem para tratar síndrome do olho seco porque contém vitaminas, alguns fatores de crescimento e fibronectina que são considerados importantes contribuintes para integridade da córnea e conjuntiva.
O colírio de soro autólogo é produzido sem preservativo. O soro é não-alérgico e suas propriedades bioquímicas são similares à lágrima. O soro autólogo tópico tem sido relatado efetivo para o tratamento de olho seco grave relacionado a distúrbios da superfície ocular como na síndrome de Sjögren, ceratoconjuntivite límbica superior, doença do enxerto versus hospedeiro, síndrome de Stevens-Johnson, procedimentos cerato-refrativos, erosão persistente de córnea ou recorrente, ceratopatia neurotrófica, úlcera de Mooren, ceratopatia associada à aniridia, e bolhas filtrantes após trabeculectomia.
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Lembre-se: Este texto tem como objetivo informar o público e não substitui avaliação por médico oftalmologista, que é o único profissional capacitado para realizar o diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado para cada caso do problema nos olhos. Portanto, evite a auto-medicação e procure sempre o seu médico.
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